segunda-feira, 11 de abril de 2011

B.E.F. O outro lado da Maçã – Enviado por Pedro Kowaliauscas CPP 1963

Um dia destes o Neoclair Aparecido Ribas expressou uma ordem, como representante do Comando Superior do BSP (Batalhão da Saudade Paulistanos) para que eu elaborasse matéria a ser veiculada no quartel virtual da saudade. Confesso que receio passar imagem que não venha condizer com minha insignificância na seara das letras e também quero louvar o afinco do "professor Xerem" e "doutor Kadu" nesta empreitada que abraçaram.
A alegoria do Jardim do Éden e o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal ilustra um pouco a  nossa vida no quartel quando tivemos vivência que nos aprofundou o sentido de disciplina e amizade, haja vista o fato de hoje ainda permanecerem vivas tantas imagens em nossas almas, o que culminou o nascimento do BS e BSP. Mas nós guardamos em nosso álbum de lembranças apenas o lado do conhecimento do bem, o sabor doce da maçã.
Há dias um amigo colocou em minhas mãos uma revista "Seleções do Reader´s Digest" de janeiro de 1962 recomendando a leitura da matéria intitulada "Areias de Dunquerque", que também é o título de um livro sobre a evacuação das tropas britânicas, na segunda guerra mundial, que lutavam na França. Ali a gente percebe o amargo do outro lado da maçã, que nós, em tempo de paz estivemos longe de sentir.  Minha pequenez não me leva a muitas leituras, mas li a matéria e quero agora compartilhar alguns trechos.
Vemos abaixo, um ocorrido onde o chamado "fogo amigo" é aberto contra as próprias tropas que agonizavam nos porões de um navio que fora atingido e partido ao meio: 
De alguma parte do interior do casco vinham os gritos sinistros de homens irremediavelmente prisioneiros.
Houve um momento de estupefação. Depois, gravemente, o Comandante James Follington dirigiu-se aos artilheiros do Ross. Ninguém teve dúvidas quanto à intenção de suas palavras:
-Não estou dando uma ordem, mas se um canhão disparar por acidente, nada direi a respeito.
Os canhões vomitaram fogo, piedosamente, e seus ecos soavam como trovões do céu. Depois, com um último borbulhar agitado, o Wakeful desapareceu.
Em outro trecho o retrato da fome, da sede e demais sofrimentos:
Um motorista relembra a fome e a sede que o levaram a comer excremento de vaca com água estagnada de um valo. Um sargento recorda como seus homens choravam ao cavar sepulturas para um grupo de freiras e criancinhas colhidas por uma metralhadora emboscada.  Os inúmeros que vieram a pé jamais esquecerão os sofrimentos por que passaram. Com os pés cobertos de bolhas enormes eles marchavam enrolando-os em sacos, o sangue correndo das botas. Um único pensamento os animava: se conseguissem alcançar Dunquerque, a Marinha os transportaria.
E, sobretudo, não faltou a solidariedade:
Um capelão, que levara o suprimento de pão para o 6º Lincolns, não pode resistir ao apelo de fome que havia nos olhos dos adultos ou nos gritos das crianças. Sem hesitar. Embora a unidade estivesse há muito em pão, ele distribuiu os 50 que levava.
Em cada homem a manifestação de piedade tomava um aspecto particular. Alguns ficavam com pena dos cães - animais sem dono, transidos de terror, que enxameavam por toda a parte, acompanhando qualquer soldado  sem coragem para enxotá-los. O que impressionou o General Alan Brooke, que percorria em seu automóvel de campanha a linha Ypres-Comines, foi o riso alvar dos loucos libertados dos asilos e apinhados à beira das estradas.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Força Expedicionária Britânica (BEF) (em inglês: British Expeditionary Force) é o nome do exército britânico enviado à França e à Bélgica para combater na I Guerra Mundial, e o nome das forças britânicas que lutaram na Europa durante a II Guerra Mundial.

errata:
há muito em pão leia-se há muito sem pão

)( pekowal )(