Eleito, JK lançou o edital para o concurso que iria escolher o plano piloto. O vencedor foi o projeto do urbanista Lucio Costa. “Era o rabisco que pulsava”, definiu Drummond em uma de suas crônicas. “Peguei da folha e tive entre os dedos nada menos que a cidade de Brasília, inexistente e completa, como um germe contém e resume a vida de um homem, uma árvore, uma civilização”, descreveu o poeta, colega de trabalho de Lucio Costa no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan).
Para o arquiteto e urbanista Frederico Flósculo Barreto, o desenho do plano piloto de Lucio Costa, com sua forma de avião e recortado por parques, foi apenas uma semente do que viria a acontecer. “Ele fez croquis muito elegantes, mas aquilo foi só a sementinha. Ele não havia desenvolvido o projeto tecnicamente. Havia desenvolvido o conceito da cidade.”
O plano piloto de Lucio Costa sintetizou os conceitos modernistas da época, que serviu também ao curto tempo de construção da cidade: cinco anos. “Modernismo era isso. Era essa geometria muito simples, impecável, associando funções e formas com simbolismo e natureza despojada”, explica. “No entanto, não se mudam as coisas apenas pela forma”, critica. O crescimento desordenado e a proibição de repetir o piloto de Lucio Costa em outras partes da cidade fizeram uma Brasília com diferenças gritantes entre o centro e a periferia.
Para a historiadora Ana Lúcia Abreu, doutora pela Universidade de Brasília, o conceito da novidade, contudo, ainda prevalece na alma da capital, mesmo neste cenário de instabilidade da política local, com episódios de prisão e cassação do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. A cidade, que nasceu em meio a polêmicas, comemora seu aniversário de 50 anos no mesmo clima. “Acho que a população tem o que comemorar. Da mesma maneira como foi criada, Brasília permanece projetando o futuro. O que a capital tem dado para o Brasil é exemplo contundente da forma como se deve lidar com políticos. Por isso, minha perspectiva é de otimismo. Esse é um lugar diferente, porque reitera a esperança e a utopia”, considera.
Algo diferente sobre o que achamos de Brasília. Nós, que a mais de 1.000 km ficamos a pensar nela, procuramos sempre novidades sobre a Pátria da nossa Saudade. E, de vez em quando, eis que pinta uma destas, escrita por colunistas da cidade, que vivem o cotidiano da mesma. Então, vemos a nossa Novacap pelos olhos de quem nela vive e dela gosta.
Xerem - Maio/2011
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