quinta-feira, 31 de março de 2011

PELOTÃO DO XERÉM – 31 de março de 1964

"....poxa, Renato Passerine, vc tá reparando que tá chegando uns jipes e uns Aero Willys meio diferentes, com bastante militares altamente graduados, lá no comando?? Já não basta esse Coronel Darcy ficar tocando essa sirene no meio da madrugada, só pra ver se a gente tá ligado e disposto? Que será que está havendo? Pior é que não se escuta Rádio, não se lê jornal, então não se sabe de nada. Renato:- Pois é Xerem, eu tb tô meio desconfiado que esses alarmes ainda vão continuar. Deve ser treinamento para alguma coisa. Só pode ser....! Estávamos lá pelo dia 27, 28 de Março de 1964. Um pouco de chuva, um "bucadinho" de frio, pela manhã e à noite.
Os pernoites aumentaram e mesmo quem não tinha aprontado, tava escalado. Postos de vigilância extra, na frente do BGP, no fundo, no campo de futebol, atrás da cozinha. Quem tinha namoradinha  na cidade, tava danado. Não podia nem pensar em sair. O famoso toque de corneta, às 17 hs, depois da leitura do Boletim, o famoso "quem quer sair, pode!!!!" tava suspenso. Apenas quem estudava no Gavião, ali no Cruzeiro ou no Caseb (Elefante Branco), na cidade, podia sair, mas tinha ordem expressa de retornar ao quartel, logo na saída da aula. Quem não estudava, período integral no quartel. Até que no dia 31 o bicho pegou!!!!! Logo de manhazinha, o acesso à cozinha mais conturbado, sem tempo para bate papo,  tudo em ritmo acelerado. Tenente Carvalho, Oficial de Dia, mandando neguinho pegar seu caneco de leite ou mingau de araruta e o pão com manteiga e sair rápido  e ir para a Companhia e ficar perto do armamento. O que já parecia estranho, já estava na casa do esquisito e ameaçava ir pro temeroso. Que será que estão aprontando lá na cidade. De vez em quando um pelotão era chamado para ocupar um Choque e lá ia o Tacão, o Bassalo, ou o Borrachudo, motoristas do choque a manobrar suas viaturas, apanhar os soldados e vazar com eles para o local que o Tenente da Guarnição mandava. E assim foi por 4 a 5 dias. Até que caiu um jornal nas mãos de alguém e veio ter em nossas mãos. E lá ficamos sabendo que havia sido instalada em nossa Pátria a Revolução. Que haviam tirado Jango da Presidência; E quem comandava era um tal de Ranieri Mazilli. Dias depois, lá pelo dia 15 de Abril, ficamos sabendo que o General de Exército CASTELO BRANCO havia sido indicado para assumir o cargo que estava vago. Aí começaram de fato os exercícios de militarismo que havíamos treinado. Patrulhas preventivas, grupos de inspeção e busca de elementos. Guardas nos palácios reforçadas. Vivíamos ali o inicio dos anos de chumbo. Que uns louvam, outros amaldiçoam. Eu, Xerem, o Renato Passerine, o Moura de Araraquara, o Rosa , Corneteiro Distraído, o Zé Artur, o Mancuso, o Mané, o Ruggiero, e mais uns 1000 outros estivemos lá, Assistindo e tomando parte na epopéia. Que está escrita na história do BRASIL. Acontecemos e fizemos acontecer. Quem nasceu naqueles dias, hoje completa 47 anos. Uma respeitável idade, de um ser bem vivido. Está também é a história dele.

 XEREM- 31 DE MARÇO DE 2011
47º aniversário da REVOLUÇÃO ( ou Contra Revolução)...."
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Um comentário:

Anônimo disse...

... Eu não estava lá. No dia 31 de março estava de licença e voltei depois... Parabéns, Xerem, pela sua memória e pela sua redação.
)( pekowal )(