quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CAUSOS DA CASERNA – ROUPA SUJA, FARDA MANCHADA - Por PEKOWAL

Nem tudo é feito de glória.
Darwin e a Evolução das Espécies, Freud que até viciou-se em cocaína para entender mentes, Lombroso e a sua Teoria do Criminoso Nato, foram alguns que se embrenharam neste enigma que é o ser humano e seu comportamento.
Era noite. No alojamento da CPP tínhamos um aparelho de TV em preto e branco, pois não havia ainda TV em cores.
Os soldados, em sua maioria, estavam atentos ao noticiário da noite. A certa altura o apresentador do jornal deu uma notícia mais ou menos nestes termos: "Motorista de táxi foi baleado por dois elementos que o obrigaram a levá-los a Goiânia. Após acabar a gasolina do veículo, no meio do caminho, os dois elementos atingiram-no com tiros de metralhadora. Pelo corte de cabelo de ambos cogita-se da possibilidade de serem militares. O motorista sobreviveu aos tiros".
            Como nos bastidores tudo se sabe? Eu não sei. Mas o pessoal já estava esperando por esta notícia, pois, de antemão já se falava que haviam sido levantadas as fichas com fotos de todos os militares de Brasília que estavam ausentes na ocasião do crime e o motorista identificou os dois. Ambos foram da CPP. Um que era motorista, havia sido transferido ao pelotão de transportes e o outro ainda integrava a Cia.. Por motivos óbvios não pretendo aqui  mencionar os seus nomes. 

O que permanecera na CPP houvera sido dispensado do serviço militar mas como tinha parentes que eram militares (segundo disse), quis servir como voluntário e foi incorporado. 
Não imagino o motivo que os levou a tal atitude. O do pelotão de transportes, furtou a metralhadora INA e ambos saíram, à noite, pelos fundos do quartel, abandonando suas fardas por lá e vestindo roupas civis. No centro de Brasília apanharam um táxi e o que estava no banco de trás montou a metralhadora, que estava escondida, e deu ordem para levá-los até Goiânia. Mas a gasolina acabou e então mandaram o motorista sair e abriram fogo.
Passado pouco tempo do fato noticiado, um deles reapareceu no quartel como se nada houvesse acontecido. Foi imediatamente recolhido ao xadrez.
O outro, aquele melhor de posses, atingiu um prazo maior de ausência e depois chegou, de carro, acompanhado de familiares e advogado. Foi também encarcerado.
            Naquela época nós ainda não tínhamos farda camuflada, mas tivemos a farda manchada...                     
           
            Pedro Kowaliauskas - CPP 63/64                                
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