sábado, 27 de novembro de 2010

BGP NA HISTÓRIA – O Levante de Brasília pelo cel de Inf. Granadeiro Ary dos Santos 2.ª parte

Saindo do meu alojamento, decidi levar três soldados e um Cabo (Veloso) para simplesmente dobrar os postos existentes - o que efetuei em poucos minutos. Retornando à minha Companhia (2ª Cia. de Fuzileiros) encontrei-me com o Cap. Francisco José Schimidlin de Castro e, após uma rápida troca de idéias, tomamos duas providências :
-ele, como responsável pelo setor de transportes, acionou todas as viaturas e as reuniu no pátio interno do Quartel, aumentando a segurança do precioso material e, ao mesmo tempo, deixando-o em condições de pronta utilização quando necessário; -da minha parte, mandei “tocar alarme e preparar” (basicamente acordar, colocar o uniforme e se armar) a 2ª Cia. de Fuzileiros, verificando os sargentos que estavam presentes para comandar os pelotões e, em seguida, tomei a mesma providência quanto à 4ª Cia. de Fuzileiros. Saberíamos mais tarde que toda essa agitação – viaturas e pessoal - foi determinante para que os rebelados, que já se achavam no fundo do quartel, relutassem em tentar conquistá-lo.
Informado da presença do Maj. Hernani de Azevedo Henning, oficial do Estado-Maior do batalhão, no Pavilhão de Comando, fui ao seu encontro, ocasião em que, com sua calma e eficiência habituais, me informou da presença muito provável de rebelados na área do fundo do Quartel. Rapidamente lhe dei conta que reforçara os dois postos no fundo do quartel e, agora em desabalada carreira, retornei aos dois locais onde, para minha tranqüilidade, encontrei os homens sãos, salvos e a postos, como determinado, e providenciei para que permanecessem mais próximos do aquartelamento. O cabo Veloso, a quem eu dera uma área para se instalar, decidira recuar um pouco mais, obedecendo a instrução militar recebida de fugir à claridade da lua - o célebre “ver sem ser visto”. Em toda minha vida profissional poucas vezes uma instrução teve um efeito tão importante....
Como combinara com o Maj. Henning, determinei que a 4ª Cia. se desdobrasse nos fundos (lateral oeste) do Quartel com ordens taxativas de prender e, se necessário, atirar em quem se aproximasse. Nesse desdobramento e em operações futuras destaco a atuação do Sgt Barros, daquela subunidade, pelo pronto atendimento às determinações e pela transmissão de confiança aos jovens soldados. O mesmo procedimento foi adotado em relação à 2ª Cia., que foi desdobrada na lateral Norte do batalhão - então um espesso cerrado e onde, muitos anos mais tarde, eu estaria me instalando como E-3, no aquartelamento da 3ª Bda Inf, e onde, antes de passar para a Reserva, seria Subchefe e Chefe de importante seção do Gabinete do Ministro do Exército. Coincidências... Mas valem ser relembradas, pois, durante todos esses anos, mudaram minhas atividades, mas permaneceram, porém – ativos ou latentes -, os mesmos problemas que, com nuances diferentes, atormentam o Brasil, até os dias atuais, mantendo-se o Exército voltado sempre para suas missões constitucionais.
>

Um comentário:

Unknown disse...

Hoje é o aniversário do grande companheiro prof. Dori...
Parabéns...!